"Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer."

sábado, 30 de agosto de 2008

A um legista

É noite medonha e escura,
Muda como o passamento
Uma só no firmamento
Trêmula estrela fulgura.

Fala aos ecos da espessura
A chorosa harpa do vento,
E num canto sonolento
Entre as árvores murmura.

Noite que assombra a memória,
Noite que os medos convida,
Erma, triste, merencória.

No entanto...minha alma olvida
Dor que se transforma em glória,
Morte que se rompe em vida

Menina e moça

Está naquela idade inquieta e duvidosa,
Que não é dia claro e é já o alvorecer;
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher.

Às vezes recatada, outras estouvadinha,
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor;
Tem cousas de criança e modos de mocinha,
Estuda o catecismo e lê versos de amor.

Outras vezes valsando, o seio lhe palpita,
De cansaço talvez, talvez de comoção.
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita,
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração.

Outras vezes beijando a boneca enfeitada,
Olha furtivamente o primo que sorri;
E se corre parece, à brisa enamorada,
Abrir as asas de um anjo e tranças de uma huri.

Quando a sala atravessa, é raro que não lance
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar.

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia,
A cama da boneca ao pé do toucador;
Quando sonha, repete, em santa companhia,
Os livros do colégio e o nome de um doutor.

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra;
E quando entra num baile, é já dama do tom;
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra;
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon.

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo
Para ela é o estudo, excetuando-se talvez
A lição de sintaxe em que combina o verbo
To love, mas sorrindo ao professor de inglês.

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço,
Parece acompanhar uma etérea visão;
Quantas cruzando ao seio o delicado braço
Comprime as pulsações do inquieto coração!

Ah! se nesse momento, alucinado, fores
Cair-lhe aos pés, confiar-lhe uma esperança vã,
Hás de vê-la zombar de teus tristes amores,
Rir da tua aventura e contá-la à mamã.

É que esta criatura, adorável, divina,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Livros e Flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Livros e Flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Musa dos olhos verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C'os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
Do eterno devaneio,
Sê minha amante, os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sê tu a aurora!

Ite, missa est

Fecha o missal do amor e a bênção lança
À pia multidão
Dos teus sonhos de moço e de criança,
Soa a hora fatal. -reza contrito
As palavras do rito:
Ite, missa est.
Foi longo o sacrifício; o teu joelho
De curvar-se cansou:
E acaso sobre as folhas do Evangelho
A tua alma chorou.
Ninguém viu essas lágrimas (ai tantas!)Cair nas folhas santas.
Ite, missa est.
De olhos fitos no céu rezaste o credo
O credo do teu deus;
Oração que devia, ou tarde ou cedo
Travar nos lábios teus;
Palavra que se esvai qual fumo escasso
E some-se no espaço.
Ite, missa est.
Votaste ao céu, nas tuas mãos alçadas
A hóstia do perdão,
A vítima divina e profanada
Que chamas coração.
Quase inteiras perdeste a alma e a vida
Na hóstia consumida.
Ite, missa est.
Pobre servo do altar de um deus esquivo,
É tarde, beija a cruz
Na lâmpada em que ardia o fogo ativo,
Vê, já se extingue a luz.
Cubra-te agora o rosto macilento
O véu do esquecimento.
Ite, missa est.

La marchesa de miramar

De quanto sonho um dia povoaste
A mente ambiciosa,
Que te resta? Uma página sombria,
A escura noite e um túmulo recente.

Ó abismo! Ó fortuna! Um dia apenas
Viu erguer, viu cair teu frágil trono.
Meteoro do século, passaste,
Ó triste império, alumiando as sombras.
A noite foi teu berço e teu sepulcro.
Da tua morte os goivos inda acharam
Frescas as rosas dos teus breves dias;
E no livro da história uma só folha
A tua vida conta: sangue e lágrimas.

No tranqüilo castelo,
Ninho de amor, asilo de esperanças,
A mão de áurea fortuna preparara,
Menina e moça, um túmulo aos teus dias.
Junto do amado esposo,
Outra c'roa cingias mais segura,
A coroa do amor, dádiva santa
Das mãos de Deus.
No céu de tua vida
Uma nuvem sequer não sombreava
A esplêndida manhã; estranhos eram
Ao recatado asilo
Os rumores do século.

Estendia-se
Em frente o largo mar, tranqüila face
Como a da consciência alheia ao crime,
E o céu, cúpula azul do equóreo leito.
Ali, quando ao cair da amena tarde,
No tálamo encantado do ocidente,
O vento melancólico gemia,
E a onda murmurando,
Nas convulsões do amor beija a areia,
Ias tu junto dele, as mãos travadas,
Os olhos confundidos,
Correr as brandas, sonolentas águas,
Na gôndola discreta. Amenas flores
Com suas mãos teciam
As namoradas Horas; vinha a noite,
Mãe de amores, solícita descendo,
Que em seu regaço a todos envolvia,

O mar, o céu, a terra, o lenho e os noivos.
Mas além, muito além do céu fechado,
O sombrio destino, contemplando
A paz*do teu amor, a etérea vida,
As santas efusões das noites belas,
O terrível cenário preparava
A mais terríveis lances.

Então surge dos tronos
A profética voz que anunciava
Ao teu crédulo esposo:"Tu serás rei, Macbeth!" Ao longe, ao longe,
No fundo do oceano, envolto em névoas,
Salpicado de sangue, ergue-se um trono.
Chamam-no a ele as vozes do destino.
Da tranqüila mansão ao novo império
Cobrem flores a estrada, -- estéreis flores
Que mal podem cobrir o horror da morte.
Tu vais, tu vais também, vítima infausta;
O sopro da ambição fechou teus olhos...
Ah! quão melhor te fora
No meio dessas águas
Que a régia nau cortava, conduzindo
Os destinos de um rei, achar a morte:
A mesma onda os dois envolveria.
Uma só convulsão às duas almas
O vínculo quebrara, e ambas iriam,
Como raios partidos de uma estrela,
À eterna luz juntar-se.

Mas o destino, alçando a mão sombria,
Já traçara nas páginas da história
O terrível mistério. A liberdade
Vela naquele dia a ingênua fronte.
Pejam nuvens de fogo o céu profundo.
Orvalha sangue a noite mexicana...
Viúva e moça, agora em vão procuras
No teu plácido asilo o extinto esposo.
Interrogas em vão o céu e as águas.
Apenas surge ensangüentada sombra
Nos teus sonhos de louca, e um grito apenas,
Um soluço profundo reboando
Pela noite do espírito, parece
Os ecos acordar da mocidade
.No entanto, a natureza alegre e viva,
Ostenta o mesmo rosto.
Dissipam-se ambições, impérios morrem.
Passam os homens como pó que o vento
Do chão levanta ou sombras fugitivas.
Transformam-se em ruína o templo e a choça.
Só tu, só tu, eterna natureza,
Imutável, tranqüila,
Como rochedo em meio do oceano,
Vês baquear os séculos.

Sussurra
Pelas ribas do mar a mesma brisa;
O céu é sempre azul, as águas mansas;
Deita-se ainda a tarde vaporosa
No leito do ocidente;
Ornam o campo as mesmas flores belas...
Mas em teu coração magoado e triste,
Pobre Carlota! o intenso desespero
Enche de intenso horror o horror da morte.
Viúva da razão, nem já te cabe
A ilusão da esperança.
Feliz, feliz, ao menos, se te resta,
Nos macerados olhos,
O derradeiro bem: -- algumas lágrimas!

Manhã de inverno

Coroada de névoas, surge a aurora
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.

Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.

A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.

Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras úmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.

Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas trêmulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.

Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.

Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co'os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.

Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, -- a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena.

Características da obra machadiana

1. Personagens:

São geralmente burgueses – classe dominante;

Procura desmascarar o “jogo” das relações sociais;

Enfatiza o contraste entre aparência x essência;

Mostra-nos de maneira impiedosa e ajuda a vaidade, a futilidade, a hipocrisia, a inveja, o prazer carnal.

2. Processo Narrativo:

Há pouca ação, poucos fatos;

Os personagens são esféricos à apresentam complexidade psicológica;

Apresenta digressões à ordem cronológica interrompida;

Conversa, dialoga com o leitor, faz reflexão, aguça o leitor.

3. Pessimismo:

Hipocrisia social;

Imperfeição da humanidade;

Mostra que as causas nobres sempre ocultam interesses impuros.

4. Linguagem:

Frases curtas, incisivas;

Humor e reflexão através de frases irônicas, sugestivas;

Apresenta metalinguagem à explica a própria linguagem;

Faz intertextualidade com obras consagradas;

Perfeição gramatical.

5. Perfil Feminino:

Mulheres racionais à fortes, dominadores, sensuais, “dissimuladas”, ambíguas, astuciosas e principalmente adúlteras (comprovar a vulnerabilidade do amor).


Fonte:www.cdb.br/prof/arquivos/71773_20050425102806.doc

Quando Ela fala

Quando ela fala, parece
Que a voz da brisa se cala;
Talvez um anjo emudece
Quando ela fala.

Meu coração dolorido
As suas mágoas exala.
E volta ao gozo perdido
Quando ela fala.

Pudesse eu eternamente
Ao lado dela, escutá-la,
Ouvir sua alma inocente
Quando ela fala.

Minh'alma, já semimorta,
Conseguira ao céu alçá-la,
Porque o céu abre uma porta
Quando ela fala.

Flor da mocidade

Eu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a serena cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.

Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.

Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já nada val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.

Falena


Falena é um livro de poesias da fase romântica do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi publicado em 1870.



*Flor da Mocidade
*Quando Ela fala
*Manhã de Inverno
*La Marchesa de Miramar
*Sombras
*Ite missa est
*Ruínas
*Musa de Olhos verdes
*Noivado
*A Elvira
*Lágrima de Cera
*Livros e Flores
*Pássaros
*O Verme
*Un vieux pays
*Luz entre Sombras
*Lira Chinesa
*Uma Ode de Anacrionte
*Pálida Elvira
*Prelúdio
*Visão
*Menina e Moça
*No Espaço
*Os Deuses da Grécia
*Cegonhas e Rodovalhos
*A um Legista
*Estâncias a Emma
*A Morte de Ofélia

A Cartomante


A cartomante é a historia de Vilela, Camilo e Rita envolvidos em um triângulo amoroso. A historia começa numa Sexta-feira de novembro de 1869 com um dialogo entre Camilo e Rita. Camilo nega-se veementemente a acreditar na cartomante e sempre desaconselha Rita de maneira jocosa.
A cartomante está caracterizada neste conto como uma charlatã, destas que falam tudo o que serve para todo mundo. É um personagem sinistro, que apesar não ter nem o seu nome revelado (característica machadiana), destaca-se como um personagem que ludibria os personagens principais.
Rita crê que a cartomante pode resolver todos os seus problemas e angústias. Camilo já no fim do conto, quando está prestes a ter desmascarado seu caso com Rita, no ápice de seu desespero, recorre a esta mesma cartomante, que por sua vez o ilude da mesma forma como ilude todos os seus clientes, inclusive Rita.
A mulher usa de frases de efeito e metáforas a fim de parecer sábia e dona do destino de Camilo, este que sai de lá confiante em suas palavras e ao chegar no apartamento de Vilela encontra Rita morta e é morto a queima roupa pelo amigo de infância, que já está sabendo da traição da esposa e o esperava de arma em punho.

Ressurreição



Ficha Técnica:
Editora: Nacional
ISBN-10: 8504007405
Edição: 1
Número de páginas: 104
Lançamento: 1/1/2004

Sinopse:
Félix, médico de 36 anos, não precisa trabalhar para se sustentar, pois foi beneficiado com uma herança. Ocupa-se apenas de compromissos sociais e intelectuais. Sua vida munda quando se apaixona pela irmã de seu amigo Viana, a viúva Lívia, cuja beleza fascina os homens. O amor da moça, embora recíproco, é abalado pela instabilidade emocional e constantes desconfianças de Félix.
Ressureição, publicado em 1972, foi o primeiro romance de Machado de Assis. Embora pertença a fase romântica do autor, a obra rompe com caracteríticas dessa escola literária, com o ideal nacionalista e a ênfase da descrição da natureza. Sobre isso, o próprio Machado fez uma advertência: "Não quis fazer romances de costumes; tentei o esboço de uma situação e o contraste de dois caracteres; com esses simples elementos busquei o interesse do livro."


Helena


Conselheiro vale era um homem rico, e tinha um caso amoroso com uma mulher que havia migrado do RS, ela tinha uma filha, Helena, A qual ele perfilha. Conselheiro Vale morre, e em seu testamento ele alegava que Helena era sua filha e que ela devia tomar seu lugar na família, todos acreditam nisso, porém helena sabe que não é verdadeiramente sua filha, mas na sua ânsia de ascender socialmente acaba aceitando isso. À princípio, D. Úrsula reage com um certo preconceito à chegada de Helena, mas no decorrer da narrativa ela vai ganhando o amor de D. Úrsula, Estácio porém, era um bom filho, e faz a vontade do pai sem indagar nada. Dr. Camargo acha aquilo um absurdo, pois ele queria casar sua filha, Eugênia, com Estácio para que eles se tornassem ricos às custas do dinheiro de Estácio, e mais um familiar só iria diminuir a parte da herança de Estácio. Helena toma seu lugar na família como uma mulher de fibra, uma verdadeira dona de casa, cuida muito bem de sua nova família, dirige a casa melhor do que D. Úrsula o fazia, e impressiona não só a família como toda a sociedade em geral, porque além de ser uma mulher equilibrada como poucas que existiam, era linda, sensível e RICA. Ao decorrer da narrativa, Helena vai impressionando mais e mais Estácio, e nisso acaba se apaixonando por ela, e ela por ele. Aí vem o questão X do livro, de um lado Estácio, se martirizando por se apaixonar por sua suposta irmã, o que era um pecado, e do outro Helena, também apaixonada por Estácio, esta sabia de toda verdade, mas não podia jogar tudo para o alto e ficar com ele, afinal havia recebido uma fortuna de herança. Neste ponto então surge Mendonça, que se apaixona por então pede Eugênia em casamento também para tentar esquecer Helena. A família possuía uma chácara, e perto dessa chácara tinha uma casa simples, pobre, e Helena costuma a visitar sempre essa chácara, um dia Estácio resolveu seguí-la, e lá conheceu Salvador, e foi tirar satisfações sobre as visitas de Helena, Salvador começou a lhe contar uma grande história, e surpreendeu Estácio ao lhe revelar que Helena era sua filha, não de Conselheiro vale, e toda a História da vida de Helena até ali. Nesse mesmo dia Helena após uma forte chuva fica debilitada, á beira da morte, Estácio, tomado por seu forte amor vai cuidar de Helena e lhe faz essa declaração. Helena morre.

Crisálidas


Veja a seguir o primeiro capítulo da obra:

MUSA CONSOLATRIX

(1864)

QUE A MÃO do tempo e o hálito dos homens
Murchem a flor das ilusões da vida,
Musa consoladora,
É no teu seio amigo e sossegado
Que o poeta respira o suave sono.

Não há, não há contigo,
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
De íntima paz, de vida e de conforto.

Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flor cheirosa
Que vales tu, desilusão dos homens?
Tu que podes, ó tempo?
A alma triste do poeta sobrenada
À enchente das angústias,
E, afrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcíone divina.
Musa consoladora,
Quando da minha fronte de mancebo
A última ilusão cair, bem como
Folha amarela e seca
Que ao chão atira a viração do outono,
Ah! no teu seio amigo
Acolhe-me,- e haverá minha alma aflita,
Em vez de algumas ilusões que teve,
A paz, o último bem, último e puro!

Biografia

Machado de Assis: cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, critico e ensaísta .

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho do ano de 1839, no Rio de Janeiro, neto de escravos alforriados, mulato e pobre.

Seu nome Joaquim Maria foi dado em homenagem ao seus padrinhos.

Machado de Assis era um menino de saúde frágil, epilético e gago. Logo após a morte de seu pai em 1851, Maria Inês começa a trabalhar como cozinheira do Colégio São Cristóvão e nas horas vagas, fazia doces e colocava Machado de Assis para vendê-los nas ruas, para que os dois conseguissem sobreviver.

Com quinze anos de idade ajudava como coroinha da igreja de Lampadosa. Stra.Gallot dona de uma padaria com mais um empregado ajudou Joaquim Maria a falar (entender) o idioma francês, que mais tarde haverá de traduzir o romance Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo.

Seu primeiro trabalho foi lançado em 1855, a poesia “ A palmeira” na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito.

Logo após outros jornais começarem a publicar seus trabalhos. Machado de Assis tinha nesta época 16 anos. Francisco Paula de Brito foi seu principal colaborador efetivo, pois em sua livraria ele acolhia os novos talentos na época que não tinham como ser reconhecidos de imediato.

Com, 17 anos consegue seu primeiro emprego na Imprensa Nacional como aprendiz de tipográfico. O diretor do jornal era Manoel Antônio de Almeida, o qual se tornaria amigo e discípulo.

Em 1858 ele começa a intensa colaboração em vários jornais e revistas e um ano depois, começou a publicar obras românticas e ajudar como revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil.

Após dois anos virou redator do Diário do Rio de Janeiro e da A semana Ilustrada.

No ano seguinte apresenta duas peças Hoje Avental, Amanha Luva e Desencontros.

Em 18634 lança seu primeiro livro de poesias Crisálidas. Após dois anos foi nomeado ao cargo de ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.

Em 15 de março de 1866 é publicada a tradução Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo.

No ano seguinte conhece Carolina Augusta Xavier de Novais, portuguesa e mais velha que o mesmo. Irmã de seu amigo. Carolina se torna companheira, enfermeira, e secretaria, cuidando de sua saúde já que Machado de Assis voltou a ter ataques epiléticos também o ajudava na revisão de seu manuscritos, corrigindo seus erros de gramática e sugerindo modificações. Os dois passaram dificuldades financeiras antes e depois de seu casamento mas mesmo assim foram um casal unidos. Nessa época Machado de Assis era um homem de letras bem sucedido.

Apesar de não ter tido filhos em seu casamento com D.Carolina foi muito feliz. Os dois ficaram casados durante trinta e cinco anos,de companhia perfeita, onde D. Carolina lhe relevou grandes nomes de clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.

No ano depois de seu casamento com D. Carolina que parece ter contribuído bastante para o seu amadurecimento intelectual, publica-se seu primeiro volume de contos: Contos Fluminenses.

O primeiro romance escrito por ele foi a Ressurreição que saiu em 1872, e logo após lança Historias da Meia Noite.

Algum tempo depois ele foi nomeado ao cargo de primeiro oficial da Secretária de Estado do Ministério da Agricultura, comercio e obras publicas, com isso iniciou a carreira de burocrata que lhe seria o meio de sobrevivência.

Dois anos mais tarde começou a publicar ano jornal O Globo (jornal de Quintino Bocaiúva), folhetins para o romance A mão e a luva.

Escreveu para as revistas para O Cruzeiro, A estação e a Revista Brasileira, poesias, romances, contos, crônicas entre outros, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros.

Em 1880 foi levada uma peça sua chamada “Tu, só Tu, puro amor” foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II.

De 1881 a 1897, foi publicado suas melhores cornica na Gazeta de Noticias. Em1881 após ter a posse como ministro da Agricultura, ele assume o cargo oficial de gabinete. Neste mesmo ano publica um livro não muito convencional para o estilo da época mais que foi extremamente original. O livro se chamava Memórias Póstumas de Brás Cubas.

No ano de 1889 torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério.

Machado de Assis foi o principal fundador da Academia Brasileira de Letras, onde se tornou presidente. Com isso foi fundador da Cadeira n. 23 da Academia Bresilleira de Letras, e escolheu o nome de José Alencar para ser seu patrono.

A importância de Machado de Assis fez com que a Academia de Letras fosse chamada de “Cada do Machado de Assis”.

No ano de 1903 D. Carolina mostra sinais de estar doente e um ano depois no dia 20 de outubro ela morre.

Neste mesmo ano Machado de Assis publica Esaú e Jacó.

Em 1907 começa a escrever Memorial de Aires que seria laçado somente no mês de julho do ano seguinte.

No dia seguinte na madrugada do dia 29 de setembro , as três e quarenta e cinco, Joaquim Maria Machado de Assis morre com câncer.