"Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer."

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A Mão e a Luva



Resumo:

Narra a história de Guiomar, moça altiva e segura de si, que procura, com frieza e calculismo, realizar o ambicioso plano de ascender socialmente, compensando a sua modesta origem. Três homens pretendem a mão de Guiomar: Estevão , Jorge e Luis Alves.

O primeiro sincero, porém simplório; o segundo indolente e superficial. Luis Alves, ambicioso e sagaz, acaba sendo o eleito, pois personificava as qualidades que se sintonizavam com o espírito de Guiomar, que, ao escolhê-lo, faz, segundo suas próprias palavras, " a fria eleição do espírito ".

O fragmento que transcrevemos ilustra o caráter do casal GUIOMAR/LUIS ALVES e oferece a justificativa do título: " Um mês depois de casados, como eles estivessem a conversar do que conversam os recém-casados, que é de si mesmos , e a relembrar a curta campanha do namoro. Guiomar confessou ao marido que naquela ocasião lhe conhecera todo o poder de sua vontade.

_Vi que você era homem resoluto, disse a moça a Luis Alves, que assentado, a escutava. _ Resoluto e ambicioso, ampliou Luiz Alves sorrindo: você deve ter percebido que sou uma e outra coisa. _ A ambição não é defeito.

_Pelo contrário, é virtude; eu sinto que a tenho, e que hei de fazê-la vingar. Não me fio só na mocidade e na força moral: fio-me também em você, que há de ser para mim uma força nova. _ Oh! Sim! Exclamou Guiomar. E com um modo gracioso continuou:

_ Mas que me dá você em paga? Um lugar na câmara? Uma pasta de ministro? _ O lustre do meu nome, respondeu ela. Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido , e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.

Iaiá Garcia


Resumo:


Jorge e Estela amam-se, mas vários empecilhos contrariam esse amor, de que mesmo os dois tentam se resguardar. A mãe de Jorge, Valéria Gomes, viúva rica, não quer para seu filho uma esposa pobre e sem lustro social, a moça era filha de um ex-empregado de seu falecido pai. Estela, por sua vez, conhecendo os preconceitos da sociedade e da mãe do rapaz, sente-se inferiorizada e luta contra a idéia de casar-se com Jorge. O rapaz, impondo seus direitos de moço rico, força um beijo quando com Estela passeava, e isto a jovem jamais perdoa.

Valéria, tentando afastar definitivamente a possibilidade de que seu filho e a moça possam se casar, contando ainda com o auxílio do viúvo Luís Garcia, pretendente à moça, convence Jorge a ir combater na guerra do Paraguai. Na ausência do filho, Valéria Gomes dá um dote a Estela e arranja-lhe um marido, o viúvo Luís Garcia, de gênio pacato, caseiro e arredio, que vive só para cuidar da filha amada: Iaiá Garcia.

Porém, antes mesmo da viagem que fazia ao Paraguai, Jorge confidenciara ao mesmo Luís Garcia, agora marido de Estela, as verdadeiras razões de sua ida para a guerra sem, contudo, revelar-lhe a identidade da mulher com que a mãe não queria o seu casamento.

Valéria Gomes morre, Jorge volta da guerra e reata sua amizade com o amigo da mãe, Luís Garcia. Começa a freqüentar-lhe a casa, surgem várias situações embaraçosas para ele e Estela. Iaiá Garcia, que era muito apegada à madrasta - Estela - desgosta por instinto de Jorge. Procópio, amigo que Jorge conhecera no Paraguai, apaixona-se por Iaiá Garcia e faz de Jorge seu confidente a aliado na tentativa de conquistar o amor da moça.

Luís Garcia remexendo em sua papelada acaba por encontrar uma carta em que Jorge lhe confessava seus amores proibidos, embora não revelasse a identidade da moça. Luís Garcia mostra a carta à Estela, e esta fica a remoer as lembranças da paixão do passado. Iaiá desconfiando da reação emotiva que Estela tem diante da carta, começa a supor que ambos - Jorge e Estela - foram ou ainda são amantes.

Querendo resguardar o pai de uma grande decepção amorosa, Iaiá decide-se casar-se com Jorge e, para isto, tenta conquistá-lo, apesar do sentimento de repulsa que o rapaz lhe causava até então. Iaiá Garcia contando com seus dotes de envolvimento acaba por ficar noiva de Jorge. Porém, antes do casamento, ocorre a morte do pai de Iaiá Garcia, o velho Luís Garcia.

Assim, o plano de Iaiá Garcia perde o seu significado, não mais era necessário evitar o romance entre Jorge e Estela. Iaiá desmancha o noivado, mas revela-se que, de fato, ela sente estar apaixonada por Jorge. Procópio Dias, o pretendente rejeitado, fortalece as suspeitas da moça, insinuando relações amorosas entre Jorge e Estela.

Estela descobrindo o que levou Iaiá a romper o noivado com Jorge, convence Iaiá Garcia de que suas suspeitas não têm fundamento, pois que tudo se resumia às lembranças do passado, consegue reaproximar os noivos e serve-lhes de madrinha no casamento. Após isso, muda-se para São Paulo, onde vai trabalhar na escola de uma amiga.

Fonte: http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Realismo/Machado_de_Assis_resumo_de_Iaia_Garcia.htm





Quincas Borba


Sinopse

O romance Quincas Borba, juntamente com Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, é uma das obras-primas do escritor brasileiro Machado de Assis.

Publicado em 1891, o romance conta a vida de Rubião, um pacato professor que se torna rico da noite para o dia ao receber uma herança deixada pelo filósofo Quincas Borba, criador de uma filosofia chamada Humanitismo. Rubião passa a viver no fausto da Corte do Rio de Janeiro, num ambiente a que não estava acostumado e que muito o deslumbra. Torna-se amigo de um casal, Palha e Sofia, em torno dos quais e do próprio Rubião gira todo o enredo do romance. Há também um cachorro, o Quincas Borba, que herdou o nome do filósofo, que fora seu dono, antes que ele passasse a pertencer a Rubião.

Memórias Póstumas de Brás Cubas


Enredo:
Após morrer em 1869, Brás Cubas (Reginaldo Faria) decide aproveitar a eternidade escrevendo suas memórias. Do nascimento até o fim de sua vida, a sua infância, o primeiro amor, o amor por uma mulher casada, o sonho de ser político. Tudo com direito a detalhes e ironias de quem está indo desta para a melhor.

Resumo:
Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, Machado de Assis inaugura o realismo nas letras brasileiras. A partir dessa obra ele se revela um arguto observador e analista psicológico dos personagens.

O ritmo da obra é lento, com várias digressões e narrado de maneira irreverente e irônica por um "defunto autor" (e não um "autor defunto", como podem pensar). Brás Cubas, por estar morto, se exime de qualquer compromisso com a sociedade, estando livre para critica-la e revelar as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu.

Essa condição de autor defunto permite ao narrador suspender a narrativa ou o tempo, dialogar com o leitor no momento e que sugere estar escrevendo algum capítulo e até mesmo propor ao leitor a supressão de algum capítulo. O tempo para o narrador é suspenso e ele vai visitando seu passado, conhecedor que é dos segredos após a morte, sem revelar ao leitor tais mistérios, vai se mostrando um narrador irônico acerca das paixões humanas.

Brás Cubas vai contando a sua vida e contando os vários episódios que viveu. Conta sobre a prostituta de luxo espanhola Marcela, que o amou "durante quinze meses e onze contos de réis". Para livrar-se dela, os pais de Brás Cubas decidem mandá-lo para a Europa. Volta doutor, em tempo de ver a mãe antes de morrer. Mesmo na Europa, embora tivesse concluído os estudos e se diplomado, de fato, a boêmia e os amores fugazes direcionam sua vida.

Depois de um namoro breve e inconseqüente com Eugênia, uma moça simples e pobre, defeituosa de uma perna, Brás Cubas, por interferência de seu pai, começa um namoro com Virgília. Cujo pai poderia favorecer uma almejada carreira política.

Numa certa ocasião, no passeio público, Brás reencontra Quincas Borba, um amigo de escola. Quincas é um mendigo, e num abraço rouba-lhe um relógio.

Pouco depois Quincas Borba aparece rico e filósofo, herdeiro de uma grande fortuna e propagador do Humanitismo.

A filosofia do Humanitismo consumirá grande parte da vida do personagem Quincas Borba, fundada numa espécie de Humanismo com elementos deterministas contraditoriamente ligados a elementos de caráter orientalista, tal filosofia é uma paródia das crenças filosóficas da época, baseando-se em máximas, dentre as quais a mais importante era: “Ao Vencedor, às batatas”, moral de uma parábola que tentava justificar a competição e a guerra na sociedade burguesa.

Noutro reencontro, Brás Cubas vê Marcela, velha e arruinada num subúrbio do Rio de Janeiro.

Virgília lhe é roubada por Lobo Neves, jovem mais decidido e confiante.

O pai de Brás Cubas morre, deixando porém, claro o desgosto que tinha com o destino que as coisas tinham tomado para seu filho: nem casamento e nem carreira política.

Anos depois, Brás Cubas - um solteirão - e Virgília - esposa de Lobo Neves tornam-se amantes.

Lobo Neves é nomeado para presidente de uma província do norte do Brasil, Brás teme pela separação com Virgília. O próprio Lobo Neves, confiando no amigo, chega a convidar Brás Cubas para ser seu secretário na província. Porém, quando da publicação do edital de nomeação no diário oficial, o Lobo Neves declina do cargo, pois fora publicado no dia 13, e ele tinha uma superstição com esse número.

Virgília fica grávida de Brás Cubas, o desejo de ter um filho enche de esperanças Brás Cubas quanto ao desfecho de sua situação amorosa, porém, a criança morre antes de nascer, e os amantes se separam. O Lobo Neves é novamente nomeado para presidente de outra província e desta feita os amantes se separam.

Sabina, a irmã de Brás, arranja-lhe uma noiva, Eulália, que no entanto, morre vítima de uma epidemia. Sem conseguir ser político, Cubas em busca da celebridade tenta lançar o emplastro Brás Cubas, tal emplastro traria a glória buscada pelo personagem, seria uma espécie de remédio para todos os males. Porém, Brás Cubas vêm a falecer de pneumonia antes de realizar o seu intento.

"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a

celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não

conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas,

coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do

meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a

semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e

outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem

sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imagi-

nará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,

achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa

deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti

a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."


O romance é constituído de 160 capítulos, em geral, curtos, e alguns de grande inventividade formal, como o que sugere a relação sexual entre os amantes, constituído basicamente de sinais de pontuação (cap. LV) ou o que nos mostra o epitáfio de Eugênia (cap. CXXV) e o que explica o seu insucesso na carreira política (cap. CXXXIX). Outro elemento importante da obra é a grande quantidade de citações e referências intertextuais, principalmente da literatura inglesa e francesa.




Filme:

Elenco

Reginaldo Faria (Brás Cubas e Seu Fantasma)
Petrônio Gontijo (Brás Cubas)
Viétia Rocha (Virgília)
Sonia Braga (Marcela)
Otávio Müller (Lobo Neves)
Marcos Caruzo (Quincas Borba)
Stepan Nercessian (Bento Cubas)
Débora Duboc (Dona Euzébia)
Walmor Chagas (Dr. Vilaça)
Nilda Spencer (Dona Plácida)

Memorial de Aires


Memorial de Aires foi o último livro de Machado de Assis.

Enredo

O conselheiro acompanha com interesse humano (talvez amoroso) a jovem viúva Fidélia, praticamente adotada por um casal de velhos sem filhos, Dona Carmo e Aguiar. Estes tinham experimentando uma grande decepção quando um rapaz a quem se afeiçoaram, como se fosse seu filho verdadeiro, Tristão, mudara-se para Lisboa com o fim de freqüentar a escola de medicina. Tristão retorna e acaba se casando com Fidélia. Em seguida, para tristeza dos velhos, o jovem casal viaja para Europa.

O romance termina com o Conselheiro Aires acompanhando com discreta piedade a solidão do casal Aguiar e Carmo, no qual muito críticos viram as figuras de Machado e de sua esposa, Carolina.

Fonte:http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/m/memorial_de_aires

Biografia em Vídeo

Para ver a biografia em vídeo de Machado de Assis, clique aqui.

Dom Casmurro


A história se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império, e conta a trajetória de Bentinho e Capitu. É um romance psicológico, narrado em primeira pessoa por Bentinho, o que permite manter questões sem elucidação até o final, já que a história conta apenas com a perspectiva subjetiva de Bentinho.

Dom Casmurro

Esaú e Jacó


O enredo de Esaú e Jacó centra-se na história dos gêmeos Pedro e Paulo, simetricamente opostos. Suas brigas, que se iniciam no útero materno, estendem-se por toda a vida. Seus temperamentos são invertidos: Pedro é dissimulado e cauteloso, Paulo é arrojado e impetuoso. Na política, encontram campo fértil para dar vazão às suas animosidades: Paulo é republicano e Pedro monarquista. O primeiro vai cursar Direito em São Paulo, o segundo Medicina no Rio de Janeiro. Une-os o amor extremado pela mãe, Natividade, e separa-os a paixão por Flora, a “inexplicável”, segundo o conselheiro Aires, que se junta à mãe no esforço de aproximar os rapazes.
Com a morte de Flora, os dois irmãos pareciam rumar para a reconciliação, logo frustrada. Nem mesmo o último pedido da mãe, que no leito de morte pede-lhes que sejam amigos, consegue uni-los por muito tempo. Ao final do romance, Aires constata que sempre foram inimigos e que, ao que tudo indica, sempre o serão. Em certo momento da narrativa, o conselheiro afirma que as razões para tantas brigas não são conhecidas:
“ – Esaú e Jacó brigaram no seio materno, isso é verdade. Conhece-se a causa do conflito. Quanto a outros, dado que briguem também, tudo está em saber a causa do conflito, e não a sabendo, porque a Providência a esconde da notícia humana...”
No entanto, na Bíblia, narra-se que Rebeca, ao sentir que os filhos brigam em seu útero, pergunta a Deus qual seria a causa e Este responde: “Duas nações há no teu ventre.” Essa é a causa a que alude o conselheiro. Pode ser também a causa alegórica da luta constante de Pedro e Paulo. As duas nações seriam o próprio Brasil, dividido, na época, entre a Monarquia e a República e até hoje entre o progresso e o conservadorismo, entre a sofisticação e a miséria. A figura de Flora, indecisa entre os dois irmãos, já foi identificada como uma representação alegórica da própria nação brasileira “inexplicável”. Seu pai, Batista, é o típico político fisiológico que muda de partido como quem troca de camisa, sem ter qualquer convicção política ou ideológica.
No entanto, Machado de Assis nos fornece outra explicação, essa psicológica e não alegórica, para as constantes disputas fraternas. Crianças, ao travarem seu primeiro combate, recebem doces e beijos e um passeio de carro da mãe ao se reconciliarem. O narrador conclui o episódio com as seguintes constatações:

“De noite, na alcova, cada um deles concluiu para si que devia os obséquios daquela tarde, o doce, os beijos e o carro, à briga que tiveram, e que outra briga podia render tanto ou mais. Sem palavras, como um romance ao piano, resolveram ir à cara um do outro, na primeira ocasião. Isto que devia ser um laço armado à ternura da mãe, trouxe ao coração de ambos uma sensação particular, que não era só consolo e desforra do soco recebido naquele dia, mas também satisfação de um desejo íntimo, profundo, necessário.”

As implicações freudianas são claras: o Complexo de Édipo revelado na adoração da mãe faz com que se lancem um contra o outro. É bom lembrar que Machado de Assis escrevia antes mesmo do termo ser inventado. O mesmo Complexo pode explicar o fato de ambos se apaixonarem pela mesma mulher.

Fonte: http://fredb.sites.uol.com.br/esaujaco.html