"Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda; não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer."

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Memórias Póstumas de Brás Cubas


Enredo:
Após morrer em 1869, Brás Cubas (Reginaldo Faria) decide aproveitar a eternidade escrevendo suas memórias. Do nascimento até o fim de sua vida, a sua infância, o primeiro amor, o amor por uma mulher casada, o sonho de ser político. Tudo com direito a detalhes e ironias de quem está indo desta para a melhor.

Resumo:
Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, Machado de Assis inaugura o realismo nas letras brasileiras. A partir dessa obra ele se revela um arguto observador e analista psicológico dos personagens.

O ritmo da obra é lento, com várias digressões e narrado de maneira irreverente e irônica por um "defunto autor" (e não um "autor defunto", como podem pensar). Brás Cubas, por estar morto, se exime de qualquer compromisso com a sociedade, estando livre para critica-la e revelar as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu.

Essa condição de autor defunto permite ao narrador suspender a narrativa ou o tempo, dialogar com o leitor no momento e que sugere estar escrevendo algum capítulo e até mesmo propor ao leitor a supressão de algum capítulo. O tempo para o narrador é suspenso e ele vai visitando seu passado, conhecedor que é dos segredos após a morte, sem revelar ao leitor tais mistérios, vai se mostrando um narrador irônico acerca das paixões humanas.

Brás Cubas vai contando a sua vida e contando os vários episódios que viveu. Conta sobre a prostituta de luxo espanhola Marcela, que o amou "durante quinze meses e onze contos de réis". Para livrar-se dela, os pais de Brás Cubas decidem mandá-lo para a Europa. Volta doutor, em tempo de ver a mãe antes de morrer. Mesmo na Europa, embora tivesse concluído os estudos e se diplomado, de fato, a boêmia e os amores fugazes direcionam sua vida.

Depois de um namoro breve e inconseqüente com Eugênia, uma moça simples e pobre, defeituosa de uma perna, Brás Cubas, por interferência de seu pai, começa um namoro com Virgília. Cujo pai poderia favorecer uma almejada carreira política.

Numa certa ocasião, no passeio público, Brás reencontra Quincas Borba, um amigo de escola. Quincas é um mendigo, e num abraço rouba-lhe um relógio.

Pouco depois Quincas Borba aparece rico e filósofo, herdeiro de uma grande fortuna e propagador do Humanitismo.

A filosofia do Humanitismo consumirá grande parte da vida do personagem Quincas Borba, fundada numa espécie de Humanismo com elementos deterministas contraditoriamente ligados a elementos de caráter orientalista, tal filosofia é uma paródia das crenças filosóficas da época, baseando-se em máximas, dentre as quais a mais importante era: “Ao Vencedor, às batatas”, moral de uma parábola que tentava justificar a competição e a guerra na sociedade burguesa.

Noutro reencontro, Brás Cubas vê Marcela, velha e arruinada num subúrbio do Rio de Janeiro.

Virgília lhe é roubada por Lobo Neves, jovem mais decidido e confiante.

O pai de Brás Cubas morre, deixando porém, claro o desgosto que tinha com o destino que as coisas tinham tomado para seu filho: nem casamento e nem carreira política.

Anos depois, Brás Cubas - um solteirão - e Virgília - esposa de Lobo Neves tornam-se amantes.

Lobo Neves é nomeado para presidente de uma província do norte do Brasil, Brás teme pela separação com Virgília. O próprio Lobo Neves, confiando no amigo, chega a convidar Brás Cubas para ser seu secretário na província. Porém, quando da publicação do edital de nomeação no diário oficial, o Lobo Neves declina do cargo, pois fora publicado no dia 13, e ele tinha uma superstição com esse número.

Virgília fica grávida de Brás Cubas, o desejo de ter um filho enche de esperanças Brás Cubas quanto ao desfecho de sua situação amorosa, porém, a criança morre antes de nascer, e os amantes se separam. O Lobo Neves é novamente nomeado para presidente de outra província e desta feita os amantes se separam.

Sabina, a irmã de Brás, arranja-lhe uma noiva, Eulália, que no entanto, morre vítima de uma epidemia. Sem conseguir ser político, Cubas em busca da celebridade tenta lançar o emplastro Brás Cubas, tal emplastro traria a glória buscada pelo personagem, seria uma espécie de remédio para todos os males. Porém, Brás Cubas vêm a falecer de pneumonia antes de realizar o seu intento.

"Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a

celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não

conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas,

coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do

meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a

semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e

outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem

sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imagi-

nará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério,

achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa

deste capítulo de negativas: Não tive filhos, não transmiti

a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."


O romance é constituído de 160 capítulos, em geral, curtos, e alguns de grande inventividade formal, como o que sugere a relação sexual entre os amantes, constituído basicamente de sinais de pontuação (cap. LV) ou o que nos mostra o epitáfio de Eugênia (cap. CXXV) e o que explica o seu insucesso na carreira política (cap. CXXXIX). Outro elemento importante da obra é a grande quantidade de citações e referências intertextuais, principalmente da literatura inglesa e francesa.




Filme:

Elenco

Reginaldo Faria (Brás Cubas e Seu Fantasma)
Petrônio Gontijo (Brás Cubas)
Viétia Rocha (Virgília)
Sonia Braga (Marcela)
Otávio Müller (Lobo Neves)
Marcos Caruzo (Quincas Borba)
Stepan Nercessian (Bento Cubas)
Débora Duboc (Dona Euzébia)
Walmor Chagas (Dr. Vilaça)
Nilda Spencer (Dona Plácida)

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